Você já observou uma borboleta pousada sobre uma folha nova,
especialmente escolhida por ela, uma que não caia antes da saída das
lagartinhas do ovo, dobrar o abdome até sentir a face inferior da folha e ali
colocar o ovo?
Por essas maravilhas da natureza, que somente a Providência Divina
explica, cada espécie de borboleta sabe exatamente qual o tipo de planta que
deve escolher para colocar o ovo que, graças a uma substância viscosa de
secagem rápida, fixa-se imediatamente.
As borboletas são muito admiradas pela leveza dos seus voos e a beleza
do colorido de suas asas.
Elas procuram, nas flores, na areia úmida ou em frutos fermentados, o
seu alimento, sendo que as flores são muito frequentadas pelas borboletas
fêmeas, enquanto os machos preferem as areias úmidas.
Algumas espécies existem que têm a capacidade de permanecerem imóveis
por tempo considerável, enquanto outras fazem voos curtos, por vezes muito
rápidos, indo de uma flor a outra.
Elas buscam a pradaria, a ramada das árvores, beijam as folhas
farfalhantes e driblam o vento apressado.
Bailam em meio às gotículas que se desprendem das quedas d'água ou como
pétalas voejam, balançando no espaço.
Seu matiz é mensagem de alegria. A sua liberdade é um convite à paz.
No entanto, dias antes de mostrarem-se tão belas, não passavam de larvas
rastejantes no solo úmido ou escondidas na casca apodrecida de algum tronco
relegado.
Lagartas, jamais sonhariam com os beijos do sol ou com o néctar das
flores. Mas, passam as semanas e após a fase de crisálida, ei-las que surgem
maravilhosas, coloridas, exuberantes, plenas de vida.
À semelhança da lagarta, vivemos no terreno das experiências humanas.
Afinal, chega um dia em que somos convidados a adormecer na carne para
despertar na Espiritualidade, planando cima das dificuldades que nos afligiam.
É a morte que nos alcança e nos ensina que a vida não se resume num
punhado de matéria que entrará em decomposição. Também não é simplesmente um
amontoada de episódios marcantes ou insignificantes, promotores de esparsos
sorrisos e rios de pranto.
A vida é a do Espírito, que vive para além da aduana da morte, tendo
como destino a vida na amplidão.
Por isso, quando formos constrangidos a acompanhar, com lágrimas, aquele
afeto que se despede das lutas do mundo, rumando para a Espiritualidade, não
lastimemos, nem nos desesperemos.
Mesmo com dores n'alma, despeçamo-nos do coração
querido com um suave "até logo" porque exatamente como as borboletas,
ele alcançou a liberdade, enfim.
Você sabia que ao morrer o corpo, o espírito que dele se utilizava como
de um veículo, se liberta?
Ninguém se aniquila na morte. Muda-se simplesmente
de estado vibratório, sem que se opere uma mudança nos sentimentos, paixões e
anseios, naquele que é considerado morto.